Galeria de Arte
e Fotografia Solange Viana apresenta: Acordes Cromáticos, exposição individual
de Naira Pennacchi com curadoria de Mario Gioia
Abertura: 8 de fevereiro, sábado, das 14h às 18h, para convidados
Visitação: 10 de fevereiro a 21 de março de 2020
A Galeria de Arte e fotografia Solange Viana
tem o prazer de apresentar a primeira exposição do ano, “Acordes Cromáticos”, da
artista Naira Pennacchi, com curadoria do crítico de arte e curador
independente Mario Gioia. A individual abre no sábado, 8 de fevereiro e
permanece até 21 de março, com entrada franca.
Em 2020 a
galeria completa 10 anos de atuação na Granja Viana, Cotia, com muita arte e
cultura, desenvolvendo, além de exposições, feira de arte, oficinas, cursos e
palestras sobre este assunto tão encantador: arte contemporânea.
Agora a
galeria traz para a região a obra desta jovem artista, mineira, radicada em
Ribeirão Preto (SP) onde serão apresentadas cerca de 15 pinturas inéditas,
elaboradas, na sua maioria, no último ano. Para o curador, a obra da artista “parece se aproximar de uma leitura sinestésica, na qual ondas musicais
perpassam a fisicalidade de camadas, faturas e superfícies do labor
plástico-visual realizado por Naira. Ela não se furta a experimentar escalas,
abordagens e materiais, entre outros aspectos, dentro do campo da pintura”,
comenta Gioia em seu texto de apresentação (texto completo abaixo).
E ainda, para o curador, crítico, com passagens pela Folha de S. Paulo e Estadão, “nesta mostra, então, Naira recoloca, sem pedantismo e com um saudável
frescor, problemáticas e questionamentos já bem resolvidos na gramática matisseana,
e não deixando de se posicionar frente ao contemporâneo” diz Gioia. Acompanhe
a galeria de arte nas mídias sociais para saber de tudo que está acontecendo
sobre arte na nossa região.
SERVIÇO:
ACORDES CROMÁTICOS, de Naira Pennacchi
Acrílica s/ tela em diversos formatos
Abertura: 8 de fevereiro,
sábado, das 14h às 18h, para convidados
Visitação: de 10 de
fevereiro a 21 de março de 2020
De segunda a sexta, das 11h
às 19h. Somente com hora marcada.
A Galeria de Arte e Fotografia Solange Viana fica na Rua São João,
246, no centrinho da Granja Viana, Cotia | SP |
t. 11 4777.0234 | galeriadeartesolangeviana@uol.com.br
@galeriadeartesolangeviana
| galeriadearteefotografiasolangeviana.blogspot.com
Acordes cromáticos, por Mario Gioia
(janeiro de 2020)
A
obra de Naira Pennacchi, hoje desdobrada num caráter multifacetado, é
fundamentada na pintura, linguagem com a qual a artista logrou um
desenvolvimento muito rápido e intenso, por meio da habilidade exibida na
apurada relação entre cores, especialmente. Assim, se elementos arquitetônicos e
figuras em destaque se evidenciavam na primeira fase do trabalho, hoje se
manifestam a fluidez, a construção de ambientes e atmosferas mais sugestivos, menos
explícitos e uma prática de ateliê em que o óleo tem bom manejo. Duos como
figuração e abstração, geometria e organicidade, rigor e volúpia, organização e
descontrole, luz e cor em campos pictóricos e signos filiados ao desenho,
gráficos, provocam sensações longe da rigidez e dotadas do permeável no corpus da obra.
Acordes cromáticos, primeira individual da artista mineira radicada em
Ribeirão Preto (SP), parece se aproximar de uma leitura sinestésica, na qual
ondas musicais perpassam a fisicalidade de camadas, faturas e superfícies do
labor plástico-visual realizado por Naira. Ela não se furta a experimentar
escalas, abordagens e materiais, entre outros aspectos, dentro do campo da
pintura.
Difícil
não recorrer ao “acorde cromático vivo” de Matisse (1869-1954), nome
incontornável para quem escolhe a vereda algo árdua do meio das tintas e dos
pincéis. “Não me é possível copiar servilmente a natureza (...). Deve resultar
um acorde cromático vivo, uma harmonia análoga à de uma composição musical.” 1, nos alerta Matisse no prisco ano de 1908, em seu clássico
texto Notas de um pintor.
Seguindo
a leitura sobre a decisiva obra do artista francês, Paulo Pasta, talvez o maior
pintor vivo do Brasil, discorre acerca de características patentes da produção
do mestre. “Talvez seu trabalho guarde, como nenhum outro da modernidade, o
significado amplo de comunhão. (...)
Matisse sempre quis ser o pintor não do confronto, como Picasso, mas aquele que
estabelece relações, cria pontes, possibilidades de passagens.” 2
Nesta
mostra, então, Naira recoloca, sem pedantismo e com um saudável frescor, problemáticas
e questionamentos já bem resolvidos na gramática matisseana, e não deixando de se posicionar frente ao
contemporâneo. Se em telas finais da primeira fase da artista, como Entre Dois Vértices e Andaime, alguns elementos figurativos
marcam presença, como folhagens, telhados, escadas, placas e andaimes –
interessante notar que ambas são feitas com acrílica -, o par Estanque e Devir lança o empreendimento de Naira em terrenos movediços e mais
instáveis.
Há
o grande retângulo em cinza que domina a composição de Estanque, porém seu delineamento guarda algo de um enigma. As
formas tais quais um monólito sugerem variadas coisas e, ao mesmo tempo, nenhuma
dessas ideias especulativas nos satisfazem plenamente. A paisagem barrada, não
limpa, rugosa, pode apontar para os impasses do espírito de época da
contemporaneidade. E, mesmo assim, consegue traçar delicados elos com o
entorno, particularmente com a leveza do azul que paira acima.
Em
Devir, que poderia ser considerada a
parte 2 de um díptico, há um clima de dissolução e desmanche, contudo também de
conexão. De difícil feitura, já que é um óleo de 1,50 m x 1.60 m, revela uma
invejável técnica assinada por Naira.
A
partir de tais ganhos, a artista almeja uma versatilidade em tamanhos e
materialidade, por exemplo, transitando desde peças “de câmara” a realizações
de monta. Em todas, obtém êxito na construção de climas e atmosferas em que
atributos da pintura podem ser apreciados. Não se afasta de uma harmonia
buscada, mesmo que para isso deva ter gasto tempo num planejamento detido. Pode
até voltar aos elementos mais verticais e projeções geométricas que eram vistos
anteriormente, como em Lume e Paisagem de Chuva. Neles e em Aluvião, entre outros, opta por tons
avermelhados e dispostos mais verticalmente. E cria pequenas joias como Cocheira, Tudo É Tanto e Trindade,
em que pinceladas, volumes e formas abrigam grande poder de pulsão.
Já
uma vontade ascensional brilha no enorme Amarelo,
de 2,25 m x 1,67, que coaduna despojamento e ambição num quadro claramente de
quem percebe o vigor de um De Kooning (1904-1997), por exemplo, mas não somente
(e deve ser comentado que o belo resultado veio com utilização de acrílica). A
lona que serve de superfície exibe, com certeza, índices da potência da obra em
franco desenvolvimento de Naira Pennacchi, em meio a respingos, bordas recortadas
com irregularidade, um ar selvagem, amarelado, resultante de um forte e
persistente trabalho de ateliê.
1. FOURCADE, Dominique (org.). Matisse –
Escritos e Reflexões sobre Arte. Cosac
Naify, São Paulo, 2007, p. 42.
2. SALZSTEIN,
Sonia (org.). Matisse – Imaginação,
Erotismo, Visão Decorativa. Cosac Naify, São Paulo, 2009, p. 65.
_________________________________________
Mario Gioia
(São Paulo, 1974)
Curador independente e crítico de arte, é graduado
pela ECA-USP (Escola de Comunicações
e Artes da Universidade de São Paulo).
Em 2016, a mostra Topofilias, com sua
curadoria, no Margs (Museu de Arte do Rio Grande do Sul), em Porto Alegre, foi
contemplada com o 10º Prêmio Açorianos, categoria desenho. De 2011 a 2016,
coordenou o projeto Zip'Up, na Zipper Galeria, destinado à
exibição de novos artistas e projetos inéditos. Na feira ArtLima
2017 (Peru), assinou a curadoria da seção especial CAP Brasil, intitulada Sul-Sur,
e fez o texto crítico de Territórios forjados (Sketch Galería,
2016), em Bogotá (Colômbia). Em 2018, assinou a seção curatorial dedicada ao
Brasil na feira Pinta (Miami, EUA) e a curadoria de Esquinas que me
atravessam, de Rodrigo Sassi (CCBB-SP). Em 2019, iniciou o projeto Perímetros no Adelina Instituto, em SP,
dedicado a artistas ainda sem mostras individuais na cidade, que contou com
exposições de João Trevisan (DF) e Lara Viana (BA).
É colaborador de periódicos de artes como Select e
foi repórter e redator de artes visuais e arquitetura da Folha de
S.Paulo de 2005 a 2009. Integrou o grupo de críticos
do Paço das Artes desde 2011, instituição na qual fez o acompanhamento
crítico de Luz Vermelha (2015), de Fabio Flaks, Black
Market (2012), de Paulo Almeida, e A Riscar (2011), de Daniela
Seixas. Foi crítico convidado de 2013 a 2015 do Programa de Exposições do CCSP (Centro Cultural
São Paulo) e fez, na mesma instituição, parte do grupo de críticos do
Programa de Fotografia 2012. Em 2015, no CCSP, fez a curadoria
de Ter lugar para ser, coletiva com 12 artistas sobre as relações
entre arquitetura e artes visuais. Já fez a curadoria de mostras em cidades
como Brasília (Decifrações, Espaço Ecco, 2014), Porto Alegre (Ao Sul,
Paisagens, Bolsa de Arte, 2013), Salvador (Fragmentos de um discurso
pictórico, Roberto Alban Galeria, 2017) e Rio de Janeiro (Arcádia,
CGaleria, 2016), entre outras.
Naira Pennacchi
(Jacutinga,
1980)
A
Artista visual atualmente vive e trabalha em Ribeirão Preto/SP.
No
final de 2016 começa a frequentar o ateliê da artista plástica Eny Aliperti na
cidade de Ribeirão preto, interior de São Paulo. Daí em diante começa a
participar de grupos de estudo e acompanhamentos, permanecendo por algum tempo
como integrante de grupos como o do crítico Mario Gioia, na cidade de Ribeirão
Preto de 2017 a 2018, do grupo Ateliê da Praça, também na cidade de Ribeirão
Preto (2017), prática e reflexão ministrado por Paulo Pasta no Instituto Tomie
Ohtake em São Paulo (2018).
Participou
também da feira Parte (2018) e da Casa Parte (2019) na cidade de São Paulo, bem
como de alguns salões do interior do Estado como o 25º Salão de Artes Plásticas
de Praia Grande/SP (2018) e o 16º Salão Ubatuba de Artes Visuais – Fundart, na
cidade de Ubatuba/SP (2019). Já no segundo semestre de 2019 foi selecionada a
participar da residência W, que acontece no CAC W, na cidade de Ribeirão
Preto/SP.
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